Ora então vamos lá a ver

Pessoal! Cumé, ça va? Sou eu, o Pedro, aka Goofy. Para os mais preguiçosos aqui vai um micropost: estou vivo! Isto é puxadíssimo e espectacular! E ainda não vi o Frechaut.

Para quem tem mais paciência, cá vai um apanhado algo alongado do que se tem passado. Primeiro, deixem-me dizer que estou impressionado com a adesão ao blogue por parte de tanta gente! E li todos os posts com imenso gosto, ainda que não tenha tido tempo quase nenhum para internetes.

OK, o voo. Vejam lá vocês, depois daquela nossa rábula (ainda tenho o relógio pintado no meu pulso!), não é que só me lembrei de dizer a que horas chegaria à estação no próprio dia? A minha idiotice não conhece limites. Nem a minha sorte, já que acabou por não haver qualquer problema (levem contactos!). Apanhei o avião, o comboio e o TGV antes de chegar a Metz (façam o plano em casa, usem o google maps / google street view com abundância, e reservem todos os bilhetes que puderem). Enquanto esperava pelo TGV comi num restaurante vietnamita. O home era fixe e foi paciente com o meu francês misterioso (é o que eu lhe chamo, porque depois de eu o usar ninguém fica a perceber nada). Disse-lhe que era de Portugal, e ele disse-me que estava a tocar Mariza. Eu paro para ouvir e constato: realmente estava! Vejam lá bem. Sugeri-lhe Deolinda e segui caminho.

A organização coordenadora é magnífica, a moça que me foi buscar à estação e que é para mim a 'cara' da organização é supersimpática, e já estão cheios de planos para juntar os voluntários de Metz em actividades. Uma delas é este domingo, e é o piquenique português! Haha, que pinta. Enfim. Vivo com outros voluntários (para já só outros 2, chegarão a ser 5) que são mesmo excelentes, uma italiana e um checo. Vão-se ambos embora daqui a um mês. Se fossem hoje já ficaria com saudades.

Ainda não vi muito de Metz (até vi mais de Nancy, onde estive hoje à tarde em reunião de trabalho), mas já percebi que é uma cidade bem velhinha e lindíssima, ultrapassa todas as minhas expectativas. Vivo a 5km, em Scy-Chazelles, que é um bairro como qualquer outro, nem "ena pá que cena man vai lá vai" nem "isto é pior do que uma caricatura exagerada de um pesadelo do Hitler lembrem-me lá como é que se corta os pulsos bem". Estou a 25m a pé do trabalho.

Por falar nisso, ontem foi o meu primeiro dia de trabalho. Normalmente é das 9h30 às 18h30 (7 horas, eu sei, mas só é assim alguns dias, e, ao fim e ao cabo, eu estou aqui é para trabalhar). Assustei-me um pouco ao ver no armazém as paletes (literalmente) de panfletos e mapas com que vou ter de me familiar, e ter de falar em francês com a assistente do Michael (o meu boss) também não é exactamente fácil, mas o pessoal com quem trabalho é do melhor e têm-me facilitado a integração.

Hoje era suposto ficar a ver uma actividade (animação sobre a UE para duas turmas algo difíceis de 34 estudantes, alguns franceses e outros alemães). Lá está, era suposto, mas como os professores alemães não estavam com vontade de traduzir o francês da animadora aos seus alunos tive de ser eu a fazê-lo. Devem calcular que traduzir francês para alemão sobre uma matério na qual ainda estou pouco à vontade é um trabalho do caraças, e que, bem, digamos que não correu lá muito bem. Mas lá para o fim lá afinou. Foi divertido, aprendi imenso e a partir daqui vai ser sempre a melhorar.

Bem, por ora já chega. Agora vou fazer o jantar para a trupe (tem sido a italiana a fazê-lo) e depois vou praticar na viola (sim, consegui trazê-la!) a única música que cujo início sei tocar sem partir todos os vidros a um raio de 50km, a eterna 'Wish You Were Here', dos Pink Floyd. E cada vez que começo a tocar, mal e porcamente, aquelas notas iniciais sublimes, não consigo deixar de pensar o quão adequada ela se torna agora, aqui, depois da formação, por terras francesas: quem me dera que estivessem aqui.